Se a Fly Modern Ark tivesse cumprido com o seu mandato de tornar as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) competitivas no mercado, não teria sido enxovalhada da gestão da companhia. Estaríamos hoje a celebrar a estabilidade da LAM, as suas relações com os fornecedores, o aumento de aviões, o cumprimento de horário dos voos e os pagamentos pontuais dos salários da massa laboral e já não teríamos memórias da fraude que foi a intervenção da FMA. A LAM, como produto de uma intervenção bem sucedida, não estaria a devolver o cargueiro, nem a voar para Lisboa – Maputo com uma ocupação de menos de 40 por cento da capacidade do voo. Os aeroportos não estariam cheios de passageiros que assistem os seus voos desprogramados por falta de aviões. Os problemas operacionais da empresa não teriam progredido de sete aviões para dois – só na semana passada é que se iniciou o processo de aluguer de dois aviões da CEM-Air – incluindo os da subsidiária MEX.
Não. Se a LAM estivesse estável, as dívidas com os fornecedores, desde os Aeroportos, a MHS, a SMS, a Petromoc estariam reduzidas e no máximo pagas. Até na IATA estaríamos com o nome limpinho, sem mancha e nem suspensão. Os salários que estão a ser pagos por intervalos – o primeiro grupo foi pago na semana passada – seriam pagos pontualmente.
Mais do que gerir uma LAM mergulhada numa crise que resulta mesmo da intervenção desastrosa da FMA, a nova administração, cuja competência ainda não surpreende, não estaria até ao momento a lutar para corrigir os efeitos de administração nefasto da empresa gestora e com requintes de roubo. A devolução do cargueiro, agendado ainda para este mês, um ano depois da sua contratação, a pagar 95 mil dólares mensais sem nunca ter voado, é uma ilustração de que a nova administração está ainda a gerir erros administrativos da gestão da FMA. Uma outra ilustração de que a LAM esteve na mão dos boladeiros. E o sumiço de 100 mil dólares, pagos pelo Banco de Moçambique, em Março do presente ano, a um suposto aluguer de voo Charter a LAM, é consequência dessa gestão desastrosa.
É diante deste quadro que questionamos as motivações que levam o ministro Mateus Magala a mentir compulsivamente sobre o desempenho da FMA. Mentiras que não se limitam apenas sobre o desempenho da empresa, mas ainda sobre o perfil de FMA e, a forma convicta com que destorce a verdade, não deixa dúvidas que estamos diante de um mentiroso.
Já se vão dois anos que cada intervenção do ministro Magala, cuja relação com FMA expõe uma certa promiscuidade – ministro teria tido férias pagas pela LAM em Janeiro deste ano – insiste numa narrativa triunfal mesmo diante de evidências de fracassado da LAM. Do resto, se a FMA tivesse tido êxito na sua missão, estaria ainda na LAM e, a maior evidência de que não teve êxito, a falência da companhia hoje. A questão que se coloca é: o que motiva o ministro a mentir compulsivamente sobre a real situação da LAM?
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