Apesar dos esforços envidados nos últimos cinco anos para reduzir a taxa para menos de 30%. As autoridades de saúde em Moçambique continuam preocupadas com o elevado número de novas infecções por HIV. Só em 2023, foram registradas 81 mil novas infecções por HIV em Moçambique, um número ainda alarmante. Mesmo com a redução significativa se comparado com dados de 2010, quando a taxa global de transmissão era de 42%, as metas ainda não longe de ser alcançadas.
Francisco Mbofana, director executivo do Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS), em entrevista à Rádio Moçambique, destacou que a redução de novas infecções é essencial também para diminuir o número de mortes, explicando que, ao garantir que mais pessoas estejam em tratamento e alcancem a supressão viral, o risco de transmissão do vírus para outras pessoas será significativamente reduzido.
Nesse sentido, o CNCS tem implementado acções sociais e operacionais no âmbito do Plano Estratégico 2021-2025, em parceria com a sociedade civil e o sector privado. Essas acções incluem a disseminação de informações sobre prevenção e transmissão do HIV, além de iniciativas para combater o estigma e a discriminação, factores que ainda impedem muitas pessoas de acessar os serviços de saúde.
“Criar um ambiente favorável é fundamental, pois o estigma e a discriminação são grandes barreiras para que as pessoas busquem serviços de prevenção e tratamento”, ressaltou Mbofana.
Em relação às mortes causadas pelo HIV/SIDA, houve uma redução de 20% em 2024, em comparação aos 10% de 2023. Segundo Mbofana, o número estimado de mortes em 2024 é de 39 mil, contra 44 mil no ano anterior. Apesar do progresso, o número ainda é considerado elevado, especialmente considerando as facilidades disponíveis actualmente para diagnóstico e tratamento.
“O diagnóstico do HIV hoje é simples e o tratamento é acessível, eficaz e com poucos efeitos colaterais. Isso significa que as mortes relacionadas ao HIV deveriam ser cada vez mais raras, já que o tratamento permite que as pessoas infectadas vivam por muito mais tempo”, enfatizou.
No entanto, o director executivo do Conselho Nacional de Combate ao SIDA destacou que o estigma e a discriminação continuam sendo os principais desafios para alcançar mais avanços. Esses factores impedem muitas pessoas de realizar o teste ou iniciar o tratamento.
“das áreas de maior preocupação é a transmissão vertical de mãe para filho, especialmente entre jovens de 15 a 24 anos. O CNCS tem reforçado as acções preventivas para esse grupo, reconhecendo a importância de empoderar mulheres e jovens para que possam tomar decisões informadas e seguras sobre sua saúde e relações”
Francisovo Mbofana defende igualmente a necessidade de maior empoderamento de mulheres, jovens e raparigas, promovendo a igualdade de gênero e garantindo que elas possam discutir suas relações sem imposições, factor que contribui significativamente para o elevado número de novas infecções por HIV/SIDA. (Luisa Muhambe)

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