No arranque da III Sessão Extraordinária do Comité Central, esta manhã, Agostinho Mondlane, antigo ministro da Defesa e quadro do órgão, quebrou o protocolo no momento em que o Presidente do partido, Filipe Nyusi pedia aos membros para votarem a agenda do dia, exigindo que, para além da eleição do presidente do partido, do secretário geral e dos membros do secretariado, fossem também eleitos novos membros da Comissão Política.
Tido como um membro discreto, Agostinho Mondlane esteve hoje na pele de um rebenta minas, propondo a inclusão de um ponto que não constava na agenda e que era uma espécie de um “elefante branco’’ até a entrada desta sessão
Quando Filipe Nyusi pediu que os membros do comite central votassem a agenda de trabalho, precisamente quando perguntava quem votava contra, Agostinho Mondlane levantou a mão e após ser dado a palavra sugeriu que para além do já previsto, se votasse também numa nova Comissão Política.
“Quando olho para esta proposta de agenda, vejo a eleição do Presidente do partido, aí podemos inferir, depois temos a eleição do Secretário- Geral, também podemos entender e depois a membros do Comité Central. O que gostaria de obter do nosso presidio, é a explicação do porquê dos órgãos centrais, não termos aqui a Comissão politica nessa eleição”, indagou Mondlane.
Logo após a sua intervenção a sala ficou completamente gelada por alguns instantes e o ainda presidente do partido quebrou o silêncio para dizer que era uma ideia ‘’pacifica’’ e logo de seguida a agenda foi aprovada por unanimidade, abrindo espaço para que toda a liderança da Frelimo, incluindo que a comissão politica seja renovada.
Apesar de Filipe Nyusi ter achado a ideia de inclusão de novos nomes pacífica, não ficou claro se irá ou não se abrir espaço para que a eleição aconteça nesta sessão em curso. Tudo dependerá de Daniel Chapo, que após ser confirmado presidente do partido, passou a orientar a sessão.
Acredita-se que, a proposta não seja simplesmente de Mondlane, mas que este tenha sido apenas o porta-voz de uma pretensão concertada dos membros do Comité Central, que não nutre simpatia pela actual Comissão Política que, em alguns momentos, impôs decisões controversas, passando, por vezes, por cima daquele que é o mais importante órgão colegial no espaço entre os Congressos, tal como aconteceu na fraturante sessão que elegeu Daniel Chapo como candidato da Frelimo, em que trouxe uma lista de três pré-candidatos e limitou a discussão sobre a possibilidade de incrementar outros nomes. Após o constragimento gerado por aquela interpelação, Nyusi convidou a imprensa a abandonar a sala.
Neste momento, o Comité Central da Frelimo encontra-se reunido à portas fechadas e espera-se que da sala saia o novo presidente, secretári-geral, novos membros do secretariado e uma nova Comissão Política ainda hoje.
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