SERNIC nega qualquer actividade fora do padrão e diz que “os agentes estão a cumprir trabalho rotineiro”

SOCIEDADE
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  • Reforço de contingente e revistas a carros e pessoas na cidade de Maputo

 Nas últimas semanas, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) reforçou a sua presença na cidade de Maputo, com vários dispositivos activados nos pontos de entrada e saída da cidade, efectuando abordagens e revistas rigorosas aos carros e aos passageiros, chegando mesmo a apalpá-los. A operação musculada – pelo menos pelo número de agentes – chamou a atenção de automobilistas e curiosos, pouco habituados com tamanho aparato, o que imediatamente fez surgir várias teorias. Entretanto, ao Evidências, o SERNIC diz que não é qualquer actividade fora do padrão na sua actuação e refuta alegações postas a circular nas redes sociais dando conta de que a acção estaria relacionada com uma eventual presença de insurgentes na capital do País.

Luisa Muhambe

Os níveis de insegurança na cidade e província de Maputo têm vindo a aumentar de forma exponencial nos últimos tempos, com sequestros e assassinatos a serem constantemente noticiados, gerando um clima de pânico e alarme no seio da sociedade.

Este aumento da criminalidade de alta gravidade levou a uma tensão acrescida na capital, que se agravou na última semana com a circulação de relatos sobre uma suposta operação policial secreta, que foi alimentada pela activação de vários dispositivos do Serviço Nacional de Investigação Criminal em várias artérias, sobretudo pontos de entrada e saída da capital do País, com destaque para a Av. EUA, FLPM, Av. de Moçambique, Portagem da Katembe, entre outros pontos.

Os referidos “road blocks” (bloqueios de estrada), contrariamente ao habitual, eram dirigidos por supostos agentes do SERNIC, armados com pistolas e AKMs. A abordagem era mais rigorosa, vestindo coletes, os agentes à paisana efectuavam revistas a viaturas e aos condutores.

Estes relatos, que se espalharam rapidamente, sugeriam que o motivo subjacente a esta acção seria uma investigação de grande envergadura para travar a onda de sequestros e assassinatos que assola a região. Mas também houve um áudio que associasse a operação a uma investigação sobre presença de insurgentes na capital do país e que os mesmos estariam a decapitar inocentes.

O cenário de incerteza e a natureza informal dos relatos contribuíram para um ambiente de confusão e desconfiança pública, com os cidadãos a questionarem a legitimidade das acções de fiscalização e a identidade dos indivíduos envolvidos.

No entanto, contactado pelo Evidências, Hilário Lole, porta-voz do SERNIC, em declarações ao Evidências, negou veementemente qualquer actividade fora do padrão normal ou qualquer operação de grande escala em curso. O porta-voz garantiu que os relatos que circulam não correspondem à verdade, considerando-os  narrativas desinformativas.

Lole foi categórico ao rejeitar a existência de operações secretas ou bloqueios anormais na via pública, afirmando que a acção dos agentes no terreno está em conformidade com o trabalho de rotina da corporação.

“Os agentes que estão no terreno estão a cumprir com as actividades rotineiras, não temos agentes a realizar nenhuma actividade específica”, disse o porta-voz, que aproveitou ainda a ocasião para desmentir rumores particularmente macabros que circulavam nas redes sociais, com vista a acalmar a população, assegurou que as histórias não têm qualquer fundamento.

“E quantos aos áudios que circulam sobre supostas decapitações, não constitui verdade, são narrativas desinformatórias, tanto que a PRM (Polícia da República de Moçambique) emitiu um comunicado negando”, destacou.

Segundo a corporação, são rumores que apenas servem para criar pânico e desinformar a sociedade num momento já tenso, devido à criminalidade crescente em Maputo, marcado, particularmente nas últimas semanas, por uma onda de assassinatos violentos nas cidades de Maputo e Matola. Só na semana passada, foram relatadas duas vítimas, incluindo Moisés Orlando Machel, sobrinho do primeiro Presidente de Moçambique Independente. Esta segunda-feira, foi relatado o desaparecimento de um jovem que no fecho desta edição se dizia que o corpo havia sido achado na Mozal.

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