Delegado provincial e distrital da Renamo acusados de extorquir membros com promessas de incluí-los no DDR

DESTAQUE POLÍTICA
  • Terão cobrado 1500 meticais a mais de 500 pessoas

Cerca de quinhentos membros da Renamo no distrito de Balama, província de Cabo Delgado, estão de costas voltadas com o delegado provincial, Manuel Muacane, e o delegado distrital, Simão Amimo, alegadamente pelo facto destes terem engendrado um esquema de cobrança de 1500 meticais a cerca de 500 membros e antigos guerrilheiros da Renamo, com a promessa de incluir seus nomes na lista dos beneficiários do DDR. No entanto, apesar de depoimentos esclarecedores das supostas vítimas, algumas das quais anciãos, Manuel Muacane desmentiu todas acusações, justificando que são manobras do jovem político e jornalista Arlindo Chissale com o intuito de manchar o seu nome e da formação política liderada por Ossufo Momade.

Adolfo Manuel – Pemba

O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos ex-combatentes da Resistência Nacional Moçambicana terá sido usado como instrumento de extorsão no distrito de Balama, província de Cabo Delgado.

O delegado provincial, Manuel Muacane, e o delegado distrital da Renamo em Balama, Simão Alberto Amimo, são indiciados de cobrar 1500 meticais a mais de 500 membros da perdiz com a promessa de incluir os seus nomes na lista dos beneficiários do DDR, facto que não veio a acontecer.

Para dar cunho de seriedade do processo, segundo os queixosos, os dois delegados prevaricadores terão forjado um documento com suposta assinatura de Ossufo Momade, orientando a contribuição de 1500 meticais aos membros que queriam fazer parte do DDR.

Feitas as contas, as mais de 500 pessoas que alegam ter pago dinheiro para serem enquadrados no DDR terão pago aos supostos mentores do esquema qualquer coisa como 750 mil meticais, cujo destino se desconhece.

Depois de perceberem que foram burlados, os queixosos, que chegaram a marchar em repúdio ao comportamento dos dois delegados, exigem a devolução do dinheiro e avisam que não vão votar na Renamo nas eleições autárquicas agendadas para o dia 11 de Outubro do ano em curso.

“O Amimo exigiu uma contribuição de 1500 meticais aos membros que queriam fazer parte do processo do DDR. Tiramos o valor, mas até hoje nada aconteceu. Quando perguntamos sobre o paradeiro do dinheiro diz que o presidente Ossufo Momade está a cuidar do assunto”, contou João Rafael, um ancião, visivelmente agastado com a situação.

Para além de extorsão, os queixosos denunciam que, nos últimos anos, Simão Alberto Amimo tem vindo a acumular funções, o que de certa forma contribui para que o mesmo humilhe os militantes da Renamo.

Os membros que tiraram 1500 meticais na esperança de ver os seus nomes na lista dos beneficiários do DDR acusam Amimo de transformar a Renamo em sua propriedade pessoal e exigem a devolução do valor. Aliás, ameaçam mesmo levá-los à barra da justiça para que possam responder criminalmente pela extorsão.

 “É do conhecimento de todos que o distrito de Balama, maioritariamente, é da oposição. Aliás, até havia uma base lá na zona de Nancaramo, e uma parte de guerrilheiros somos nós aqui. Quando exigimos o nosso dinheiro nos chama de terroristas, por isso decidimos levar o caso para a justiça”, referiu Miguel Damião, para posteriormente denunciar um pacto entre o delegado distrital da Renamo em Balama e o cabeça-de-lista da Frelimo nas eleições autárquicas.

 “Ele é grande amigo do cabeça-de-lista da FRELIMO e até do próprio administrador, até combustível e outros acessórios da sua motorizada adquire gratuitamente lá nas bombas petrolíferas do Mansur. Já denunciamos essa aliança ao delegado provincial, mas nada fez porque é amigo de Amimo”, denuncia.

Delegado provincial diz que tudo não passa de agitação de Arlindo Chissale

Enquanto o delegado distrital da Renamo em Balama preferiu abraçar o silêncio, o delegado provincial refutou todas as acusações, tendo justificado que se trata de manobras para manchar o seu nome e da formação política liderada por Ossufo Momade.

De acordo com Manuel Muacane, que apontou o dedo a Arlindo Chissale pela instabilidade no seio da Renamo em Balama, não houve nenhuma cobrança para os membros aderirem ao processo do DDR, visto que não há provas documentais que suportam a acusação.

“Olha, quem está agitar tudo isso é um tal Arlindo Chissale, que está a instrumentalizar um grupo de membros para se tornarem revoltosos com o partido, isso porque ele não conseguiu ocupar o cargo de cabeça-de-lista porque não é conhecido no distrito, e antes ficou detido lá, quando vinha espiar a vila para facultar os insurgentes”, concluiu o delegado.

Refira-se que, insatisfeitos com a gestão do partido ao nível do distrito de Balama, na última semana, mais de 30 membros desvincularam-se da Renamo para se filiar a Frelimo.

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